A satisfação em ter professores e professoras ingressando na administração municipal via concurso público, expressada pela coordenadora do Sinterg, Suzane Barros da Costa, foi tão marcante quanto a palestra proferida pelo professor Pedro Demo, na noite de quinta-feira (27), durante a aula inaugural do ano letivo de 2020 da rede municipal de ensino, promovida pela Secretaria de Município da Educação (SMED). A palestra realizada no auditório do Centro de Eventos da FURG reuniu dezenas de profissionais da área, incluindo de outros municípios da Zona Sul, vereadores secretários do governo do Rio Grande. O prefeito Alexandre Lindenmeyer e o vice, Paulo Renato Mattos Gomes prestigiaram a atividade.
Ao lado do prefeito, a secretária da SMED, Vanessa Pintanel anunciou e agradeceu a presença do professor Pedro Demo no município, “um educador que traz para Rio Grande um pouco do que, de forma tão brilhante, tem contribuído para a Educação no país”. Mais tarde, ele abordou o tema “O educador e o estudante na Escola ComVida”. De acordo com Vanessa, um assunto bastante elucidativo para o que se pretende nesse ano letivo.
Ao se manifestar, a secretária da SMED citou um trecho de uma das cartas do livro Pedagogia da Indignação, de Paulo Freire. No final da citação, Paulo Freire afirma que “é na condição de seres transformadores que percebemos que a nossa possibilidade de nos adaptar não esgota em nós o nosso estar no mundo.” Vanessa complementou demonstrando expectativa de que “as palavras de Freire possam servir como um horizonte para o que desejamos; para que os nossos sonhos possam fomentar novos sonhos em nossos estudantes”.
O prefeito Alexandre Lindenmeyer elogiou a participação de Pedro Demo como palestrante na aula inaugural. Antes da palestra, ele afirmou que, até o final do ano, vai se doar bastante para servir como um instrumento de transformação, “por meio de tudo que está sendo construído e nos desafia nessa gestão”. Alexandre lembrou de uma manifestação feita, outro dia, em nível nacional, quando compararam servidores públicos (professores, principalmente) com parasitas. O prefeito defendeu os servidores e disse que a defesa é feita “por meio da qualificação, da formação continuada, da parceria com a FURG, com concursos públicos nas mais variadas áreas”.
Alexandre falou, ainda, sobre a qualidade das escolas municipais do Rio Grande, cujo reconhecimento é estadual e nacional, especialmente, pela dedicação de seus profissionais. “Aqui há escola de inclusão, escola bilíngue, com mais de 100 estudantes sendo aprovados no IFRS. A caminhada não acabou. O momento do país é difícil, mas com mobilização é possível barrar retrocessos”, concluiu o prefeito.
Em outro pronunciamento, a reitora da FURG, Cleusa Dias defendeu a Educação Pública em todos os níveis. “Ela é fundamental”. Para a reitora, “não podemos fechar os olhos em relação a esse compromisso que temos; esse momento é de formação, de reflexão e de resistência”, acentuou. Cleusa Dias acredita que as escolas têm que ser “casas com alma” e é preciso que essa alma se renove pela alquimia dos desejos da história de vida dos professores e dos estudantes. “Alma é isso!”
Palestra
O professor Pedro Demo começou a palestra admitindo que sempre vai defender a escola pública. Por outro lado, defende, que a questão básica das escolas não é de ensino, mas de aprendizagem, ou como aprender. “Temos uma escola que ensina muito, mas pouca gente aprende. Temos um sistema inepto de ensino, porque o nível de aprendizagem é extremamente baixo.” Para exemplificar, ele apresentou o dado mostrando que, em 2017, apenas 9% dos estudantes do Ensino Médio aprenderam Matemática, hoje, um dos conteúdos mais fundamentais do currículo.
Pedro Demo falou por quase uma hora. Sobre aplausos da plateia afirmou que nenhum profissional tem a importância de um professor. “A solução da escola é o professor. O professor não pode ser vítima de mudança, tem que ser o protagonista. Ele é quem formula, traduz, propõe. Se não cuidarmos do professor, não vai existir a escola.” Pedro Demo valorizou a necessidade dos estudantes se utilizarem da pesquisa como instrumento de formação educacional. Ele criticou a competividade e a produtividade estimulada nas escolas de países asiáticos, que hoje estão no topo da lista dos que têm os melhores níveis de educação no mundo. Para ele, esse não é o caminho. “Eu ainda quero acreditar que se mude a educação pela democracia e não pelo autoritarismo”.
Assessoria de Comunicação PMRG