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Marcos Costa Filho |
NAS PORTAS DO CÉU Ao sentir um arrepio em um dia de calor, ou um sopro quente num frio de inverno, nada de estar doente... são peraltices do amor! Quando menos se espera, ele chega e se acomoda. E nunca cai de moda o rolar de uma paquera. Olhos nos olhos, a chispa salta de um e de outro e estremece por inteiro incandescendo todo ser, alastrando logo um fogaréu, cujas delícias, leva a viver lá... longe, nas portas do céu!
NUANÇAS DO OUTONO As folhas caídas ao chão douram a grama ainda verde e rolam leve ao vento suave da manhã ensolarada e fria. É outono e o choro das árvores, da extensa Avenida Portugal, é dourado e está nas folhas, como lágrimas despencadas do alto dos galhos, agora nus. O quadro, contudo, é belo e de passada em passada, sigo minha caminhada, admirando o contraste das cores do pranto das árvores com a relva. O ar gelado nas frontes me bate, encontra poucos cabelos grisalhos, que ainda persistem no meu outono iniciado em décadas já passadas. Admiro e invejo as árvores chorosas, por elas terem retorno da primavera. Terão novas e verdejantes folhas, novo viço, mais beleza, mais encanto, enquanto meu outono é continuo, embora feliz, não tenha eu pranto, meus verdes anos jamais retornam e já caminho do inverno na esteira!