Poesias de Leandro Azevedo Vargas

Poesia Cósmica
Seguro a tua mão
Enquanto a realidade
Desfaz-se à nossa volta
E, então, somos nada
E somos tudo
Somos lembranças, somos esperança
Vestígios no espaço
Rumando para o desconhecido
Abraçando o improvável
E quando nossos olhos
Acostumaram-se à noite eterna
Veio a mudança
Percebi a tua
Imutável presença e, 
Neste momento, renasci
Pronto para compartilhar
Os altos e baixos, 
As palavras e os pensamentos
Pronto para segurar tua mão
Quando as estrelas e os desejos
Uma vez mais começarem a desvanecer.

 

Morango
Céu amarelo, tão belo
Ela já vai chegar...
Céu amarelo
Cheiro de morango no ar
Céu amarelo
Risadas, jeito louco de dançar
Céu amarelo
Devia este momento congelar.

 

A tarde que nunca partiu
É a luz do Sol
O teu olhar,
É tão só
À deriva na estrada
Não é nada
É tudo que eu sempre quis
Um mero ponto
Perdido no caminho
Um recomeço
Um testemunho irrelevante
A saída que eu busco
De forma fervorosa
A última janela
A única alternativa
Um tolo fim
O que restou
de belo
no mundo
A tarde
que nunca 
partiu.

 

Cadeias Infinitas
Há tanto para dizer em momentos como esse
Quando tudo converge para tão aguardado fim
Esperamos uma eternidade por isso, fomos pacientes
Há tanto para dizer, mas as palavras preferem não vir
Estamos em todos os lugares, e em lugar nenhum
Perdidos em realidades criadas para nos satisfazer
Exilados num mar infinito de belas emoções
Que não conhecem nem entendem limitações
Apenas nós, unidos num ponto indefinido
Onde não existe tempo, e desprezamos o espaço
Quem diria que realmente tocaríamos a perfeição?
Nossas mãos, unidas, passeiam pela beleza
Imortal que nossas mentes enleadas conjuraram e 
Agora, em êxtase, desafiamos a linha da vida e da morte."

 

A Ruiva
Gosto de caminhar no escuro
E do balanço do trem
Tem horas em que o nada
Tenta me dominar, mas não deixo ele vencer
Tantas vidas perdidas, tanta dor, tanto caos
Que outro mal ainda pode acontecer?
Há muito tempo não via
Algo tão belo quanto
Aquela ruiva lendo Goethe
No meio da fila sem fim.

 

Idear
Cavo bem fundo
Camada após camada
Até o centro do mundo
Atrás da resposta
Que esclarecerá tudo
Camada após camada
Destinado a encontrar
Uma razão para esta sucessão
De alegrias e dramas
Chego ao fim(é este o fim?)
E lá está, ao meu alcance,
Tudo o que sempre quis
Livre da ilusão
Finalmente posso ver
Toco a verdade e agora posso ser...

 

O professor Leandro Azevedo Vargas  trabalha como professor de Língua Inglesa na EMEF Bento Gonçalves