José Antonio Klaes Roig

José Antonio Klaes Roig
Cadeira n° 6
Patrono: Antonio Gomes de Freitas
joseroig7@hotmail.com


O MENINO DO LAGO

O menino do lago olhava para o passado, 
a menina ao seu lado, olhava para o presente. 
Os dois iriam se reencontrar no futuro, eu juro –
Disse o Senhor Destino, embaralhando suas cartas,
Embrulhando suas lembranças em papel de seda...
- Nunca ceda seus sonhos ao desamor...,
Disse a lembrança passageira ao desmemoriado condutor...

O menino do lago olhava para o seu duplo reflexo,
Perplexo, sem saber o que dizer para si mesmo.
A menina ao seu lado, o observando silenciosamente,
Olhava para o presente que estava a desembrulhar...

Temos sempre um duplo reflexo, o côncavo e o convexo:
O que aparentamos para os outros e para nós mesmos,
Nunca somos um só, nunca vivemos a sós,
Estamos presos a nós e mais nós...
Nós, primeira pessoa do plural,
Nós, cordas que nos atam a um sentimento singular...

O amor verdadeiro é como a flor solitária num canteiro,
Dependente de todos os dias e noites,
Sabermos unir o sonhar com o realizar...
O chover com o chorar, o viver com o amar...

O menino do lago que olhava para o passado
E a menina que ao seu lado via tão somente o presente,
Um dia, no futuro, se deram às mãos docemente,
Numa sincronia, sintonia perfeita diante do caos...

Trago comigo sempre as águas plácidas daquele lago,
Perdido na infância que nunca se vai...
Onde muito me banhei e contigo sempre sonhei,
Disse o menino à menina, no dia que a reencontrou.
Só nunca amou diante de um lago qualquer -
Disse o Poeta Encantado, 
Que tudo registrava em prosa e verso,
Em seu bloco de notas amarelado -,
Quem jamais mergulhou em si mesmo
E no jogo de espelhos das águas claras
A sua cara metade não viu a lhe esperar...

Trago comigo sempre um pouco do lago da perdida infância,
Teu amor faz de mim um quase mago da doce inconstância,
Não há magia maior do que amar e ser amado,
Do terno conviver do menino do lago com a menina do lado.
Não há maior sonho sonhado sem o pequeno despertar...

DICIONÁRIO DO COTIDIANO

No meu dicionário do cotidiano, 
Descubro a cada dia novos sinônimos 
Para os mesmos verbetes. 
Amar é um dos verbos que mais me impressiona.

Todos querem um amor, 
Mas nem todos sabem flexionar o verbo amar 
Além de suas públicas e notórias conjugações. 
Amar, antônimo de paixões.

Na aritmética dos dias que passam,
Em paralelo à métrica das palavras
Que dizemos a quem amamos,
O resultado final deve ser sempre o X da questão.

No meu dicionário do cotidiano
Não estão expressas todas as palavras do mundo,
Nem todas as palavras que eu já sei de cor e salteado,
Mas principalmente aquelas que eu descubro,
A cada dia, a cada hora e momento pelo amor selado,
De tudo que por ti eu sou, eu sei e ainda serei...