- Crédito: Roberton Reis
- Crédito: Roberton Reis
- Crédito: Roberton Reis
O Sobrado dos Azulejos, prédio que abriga a Secretaria de Município da Educação de Rio Grande, está recebendo, desde a última quarta-feira, 23, a exposição fotográfica “Vila (In)Visível”, a qual é coordenada pela professora Raquel Laurino Almeida e apresenta trabalhos de alunos do 8º Ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Assis Brasil, localizada no bairro Santa Rosa.
A professora Raquel, logo abaixo, faz um breve relato sobre o projeto que originou a exposição que estará aberta ao público, no Sobrado dos Azulejos, até o dia 14 de novembro.
A exposição fotográfica “Vila (in)visível” é a culminância do projeto interdisciplinar “Cidadania no Assis Brasil: nosso olhar sobre a escola e seu entorno”. O projeto teve origem a partir do desfile escolar anual, que, neste ano, ocorreu na comunidade e foi organizado com a colaboração da Professora Celina Häffele da Rocha. Em virtude desta descentralização, emergiu a proposta de levantar demandas dos/as estudantes relativas ao bairro e à escola. Buscamos problematizar e fomentar maneiras de exercer a cidadania, de forma crítica, efetiva e responsável. Para tanto, foram propostas diversas atividades, tais como: diálogo com as representantes do movimento sindical Maria de Lourdes Lose (AptaFurg) e Doris Nogueira (Sinterg), saída de campo para fotografar o entorno da escola, realização de concurso fotográfico, cuja premiação foi uma oficina de Graffitti com Gabriel Alves, etc. A partir da qualidade do material decorrente da saída de campo, sugeri, então, a realização de uma mostra fotográfica coletiva. Tanto os/as estudantes, quanto a direção da escola apoiaram prontamente.
O processo de criação foi bastante espontâneo e autogerido, ainda que houvesse um foco coletivamente definido: clicar aspectos que geralmente passam despercebidos no cotidiano, mas que nos incomodam. Os/as estudantes participaram de forma ativa nesse processo, na medida em que entenderam a fotografia como uma estética de denúncia. Afinal, nossa sociedade naturaliza e invisibiliza a falta de desenvolvimento da(s) vila(s) em contraposição ao pseudo-progresso do centro.
Cabe destacar que se trata de uma mostra amadora, pois as fotografias foram clicadas a partir de câmeras com resoluções diversas, o que resultou em impressões de inúmeros tamanhos. A ideia era valorizar o olhar de todos/as, de modo que houvesse uma fotografia, ao menos, de cada sujeito. Assim, os/as estudantes protagonizaram, ainda que por meio de pequenos objetos, um processo de vivência ético-estética. Nesse sentido, este evento é marcado pelo valor da sutileza de momentos que muitas vezes naturalizamos ou não percebemos, mas cuja importância, do ponto de vista da sensibilidade e criticidade, é inquestionável. Com um olhar crítico e responsável, os estudantes protagonizaram uma prática de empoderamento e autonomia, e nos dão, com muita competência, uma aula de cidadania.
SMEd