Julho da Mulher Negra

No dia 25 de julho, comemora-se o “Dia Nacional de Tereza de Benguela” e o “Dia Internacional da Mulher Negra Latinoamericana e Caribenha”. Trata-se de uma data na qual há muito a celebrar, mas, também, a lembrar que a luta por igualdade e valorização continua. Sobretudo sobram motivos e mulheres para serem homenageadas, por suas trajetórias, por suas existências e resistências. 

Cada uma delas é símbolo e caminho para que, cada vez mais, as jovens negras se orgulhem de ser quem são, e tenham portas abertas, ou possam, elas mesmas, abrir essas portas para realizar seus sonhos, sejam eles quais forem, em busca de uma sociedade mais justa, diversa, colorida, evoluída e ética.

Nesta data especial, pode-se elencar uma mulher negra muito especial da cidade do Rio Grande, a Prof.ª Carmen Regina Madruga de Souza (in memoriam), que formou-se no Curso de Magistério do I.E.E. Juvenal Miller e graduou-se no Curso de Letras, na FURG. Foi docente da rede municipal e estadual, e escritora premiada e reconhecida regionalmente. Sempre lutando pela igualdade, foi fundadora do Movimento de Consciência Negra da cidade de Rio Grande, em 1988, trabalho social que estimulou a autoestima e lazer de jovens em situação de vulnerabilidade nas periferias. 

A Prof.ª Carmen Regina sempre esteve presente também em outros movimentos sociais, inclusive na coordenação do FCD  – Fraternidade Cristã de Deficientes – núcleo de Rio Grande/RS. Portadora de esclerose múltipla, Carmen, com uma criação baseada na fé e na espiritualidade, não cedeu às suas limitações físicas e fez de sua vida um exemplo de superação e acolhimento. Dedicou-se aos estudos das mais variadas religiões e filosofias e, em 2007, fundou o GEO – Grupo Ecumênico de Oração Colar de Pérolas e Diamantes. 

A metáfora do colar ocorre pelo círculo formado pelas pessoas nesse processo: pérolas (mulheres) e diamantes (homens), voluntários prontos a contribuir com suas habilidades aos mais diversos necessitados. Muitas campanhas beneficentes são realizadas por esse grupo desde sua fundação até hoje. Carmen faleceu no dia 16 de janeiro de 2021, vítima de complicações pela Covid-19.  Seu grupo e familiares prometem seguir com seu trabalho, compreendendo que esse sonho não pode acabar nem mesmo em tempos difíceis, pois sua base é o amor.

Aos familiares da Prof.ª Carmen Regina, nossa solidariedade por sua perda irreparável, e nossa gratidão pelo fornecimento de seu lindo histórico para que pudéssemos prestar esta singela homenagem.

SMEd
Roberton Reis
Com informações do Núcleo de Temas Transversais – NTT