Atuando no contraturno do ensino regular, o local que acolhe alunos de diversas séries e com diferentes especificidades da rede municipal ainda conta com vagas disponíveis
Fonte: www.jornalagora.com.br
O Centro de Formação para a Diversidade Cultural e Inclusão Escola Viva, da Secretaria da Educação de Rio Grande (SMEd) iniciou as atividades do ano letivo no início de abril, porém, ainda restam vagas para as seguintes oficinas: capoeira, jiu-jitsu, circo, espanhol, tapeçaria, xadrez, história em quadrinhos, violão, canto, percussão, desenho, violino, fotografia, grafite, história da arte e leitura mágica.
Segundo a diretora da escola, Maria de Lourdes Escolto, “o que diferencia a Escola Viva dos outros locais é a linha de acolhimento que nós nos propomos. Toda essa diversidade e a nossa proposta pedagógica têm base nas relações. A nossa pretensão é realmente ser diferente e estamos aprendendo a fazer isso, dia a dia”, explica.
Sobre os objetivos principais da Escola, Maria explica: “colocamos todos esses alunos com realidades diferentes para que todos sejam desafiados a lidar com as diferenças, queremos, com isso, a desconstrução da violência, da cultura excludente e também do preconceito”, conclui a professora, que há anos trabalha com inclusão escolar.
Segundo a servidora Rosane Pereira, as vagas ainda não preenchidas devem ser ocupadas apenas por alunos da Rede Municipal e os próprios alunos devem se informar nas secretarias das respectivas escolas ou através do telefone da Escola Viva (3231.4115 ou 9931.7613).
Oficinas
Na tarde desta quarta (13), aconteciam as oficinas de violão, dança, flauta e história em quadrinhos. Na de dança, um grande grupo bem heterogêneo repetia os passos do professor e sacudiam ao som dos mais variados ritmos. Dentre eles, estavam a simpática Marylaine Fernandes, de 13 anos, cursa o 8º ano da escola Bento Gonçalves e conta que procurou as oficinas – de dança e curtas – para “ocupar o tempo livre com coisas boas”, segundo ela, as oficinas são muito legais. Marylaine recomenda que mais estudantes façam parte da Escola Viva.
Douglas Oliveira, 21 anos, é estudante do 2º ano do Ensino Médio na Escola Bibiano de Almeida. E participa das oficinas já há 4 anos, começou com aulas de música e hoje faz oficina de dança. “As oficinas sempre me incentivaram a continuar os estudos na escola. E as aulas me levaram a fazer muitos amigos e conhecer muita gente de companhias de dança, inclusive de outras cidades”. “O projeto é importante porque ajuda muitos jovens que não têm acesso à arte e os mantêm distantes das drogas”, complementa.
Guilherme Saija, de 13 anos, cursa o 6º ano na Escola Cipriano Porto Alegre e participa das oficinas de violão e de curtas da Escola Viva. Segundo ele, o que mais chamou sua atenção e fez com que ele se matriculasse foi o gosto pela música. “ A música é meu hobby, como eu ainda não sei tocar violão, eu quero muito aprender”, afirma. Sobre a oficina de curtas, Guilherme diz que já faz alguns vídeos em casa e vê nessa oficina a oportunidade de aprender mais.
O professor de Guilherme é Rafael Ramos, de 30 anos, está no segundo ano, na Escola Viva, e, segundo ele, o projeto realmente ajuda os alunos. “Eu vi muitas mudanças, com as oficinas, eles começaram a interagir e a socializar mais”. Rafael, que cursa a graduação em música, pretende formar-se e continuar na área acadêmica e também no trabalho com cunho social. “Pretendo continuar dando aulas para crianças com poucas oportunidades”, finaliza.
Dentre muitos alunos especiais, uma é ainda mais especial
Na movimentada oficina de flauta – para alunos do EJA e das casas de acolhida – ministrada pela professora Marcia Granada, uma aluna demonstrou-se, se assim pode-se dizer, ainda mais especial. A jovem Marina Marandini Pompeu, de 25 anos, gradua-se no próximo ano em Artes Visuais na Furg e cursa ainda as oficinas de dança, flauta, curtas e história em quadrinhos.
Todas essas atividades já seriam motivos para parabenizar Marina, afinal, não é nada fácil conciliar faculdade — e todas as responsabilidades que esta impõe — com tantas oficinas, porém, sua maior especificidade faz a todos que convivem com a simpática jovem admirá-la ainda mais: a Síndrome de Down.
Portadora da Síndrome de Down, Marina – graças à sua maior incentivadora, sua mãe Dóris – sempre procurou ter uma vida normal, e como ela mesmo diz, “ter uma vida profissional e uma vida pessoal muito bem sucedida”, conta ela, alegre pelo fato de namorar, há um bom tempo, o Claúdio, e por ter a certeza de que realizará o sonho que nutre desde pequenina: o de ser uma grande professora de dança. Após a formatura, Marina pretende dar continuidade nessas duas partes da sua vida. “Pretendo fazer especialização em Dança, em Pelotas, e também quero me casar depois de formada”.
Sobre as boas pessoas que cruzaram o seu caminho, a jovem diz que a mãe sempre foi a principal incentivadora e pediu para agradecer a ela nesta reportagem e também a outros amigos que foram muito importantes em sua vida acadêmica, são eles: Cleusa, Vera e os monitores Tania e Carlo Diego.
Quando indagada se queria falar mais alguma coisa, Marina pediu pra deixar um pedido aos pais de portadores de Síndrome de Down. “Eu queria pedir para que eles sempre motivem os filhos, que deixem os filhos terem uma verdadeira experiência escolar. Que convivam normal com os amigos, que possam falar o quanto quiserem, assim como, também, interagir com os professores”, conclui.
Esther Louro e Luiza Trápaga