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Fonte: www.riogrande.rs.gov.br
Uma atividade na Praça Dr. Pio, no Centro de Rio Grande, vai marcar o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais (Libras). A iniciativa é da Escola Municipal de Educação Bilíngue Carmem Regina Teixeira Baldino, localizada em Rio Grande na rua Duque de Caxias, 496. Alunos da Escola vão participar da ação e devem dar uma aula pública em libras para as pessoas interessadas nesse aprendizado. A atividade pode ser suspensa caso chova.
Nos últimos dias, o telefone não para de tocar na Escola Bilíngue. São moradores de todas partes da cidade e de diversos ramos de atividade querendo aprender a linguagem de sinais. A Escola oferece um curso gratuito, duas vezes por ano, para quem necessita aprender essa língua. São alunos, pais ou pessoas interessadas em usar libras para diversas finalidades, inclusive profissionais. A corrida para garantir uma vaga para a próxima turma é grande, já que as aulas iniciam em agosto. As turmas atuais começaram as aulas em março. A expectativa é de que o número de inscrições chegue a 200 pessoas.
Para a secretária de Educação da Prefeitura de Rio Grande, Vanessa Pintanel a Escola Bilíngue é uma conquista. “Ela é importante porque conseguimos dar vez e voz para as pessoas atendidas nessa escola. Foi uma oportunidade para que as crianças tivessem uma atendimento adequado à sua educação”, ressalta a secretária. Sobre a procura pelo curso ela diz que “isso mostra que o trabalho da Escola está dando frutos e é reconhecido pela comunidade em geral”.
Vanessa Pintanel adianta que há possibilidade de ampliação do quadro de professores da Escola e que “o próximo concurso da Prefeitura vai contemplar vagas para os cargos de professor níveis 1 e 2 em LIBRAS na carreira do magistério público”. Em sessão extraordinária na manhã de terça-feira (9), o Legislativo aprovou, por unanimidade, o projeto de lei do Executivo 29/2019, que cria esses cargos.
A lei nº 7237 de 2012 já havia criado o cargo de professor de LIBRAS nível II. Ela determinava que o profissional deveria ser graduado em curso superior de licenciatura plena em letras/Libras ou em Libras/Português e ter o certificado de proficiência em LIBRAS expedido pelo Ministério da Educação. As exigências, no entanto, dificultaram a contratação. No concurso realizado em 2014, houve apenas dois inscritos e um aprovado. Por esse motivo, a proposta atual revogou a legislação anterior e readequou as exigências da função à realidade do município.
A Escola Bilíngue
Desde que passou a desenvolver suas atividades no atual endereço, a escola passou a ser mais conhecida e o trabalho mais valorizado pela comunidade rio-grandina. O prédio onde a escola funciona é bastante antigo. Ali, do piso térreo ao sótão, existem salas de aula. Para quem visita o espaço, percebe a dedicação de professores, alunos e outros profissionais que não medem esforços para ensinar algo fundamental para quem é surdo: a língua de sinais, libras.
A diretora da Escola Bilíngue, professora Neiva Furtado afirma que “é de suma importância o papel que a instituição desenvolve”. Sustenta que o trabalho vai além do pedagógico. “Servimos de intérprete para várias situações, inclusive familiares. Há pais (a grande maioria) que não têm comunicação com os filhos e acabamos tendo que auxiliar. Ultrapassamos nossos limites pedagógicos. Somos uma extensão da família”, resume a diretora.
Uma das coordenadoras pedagógicas e professora na Escola Bilíngue, Maria Auxiliadora Terra Duarte explica que são atendidas, em média, 76 alunos, do Ensino de Educação Infantil até o Ensino Médio. Além destes, há oferta de ensino para cerca de 20 alunos do EJA (Educação de Jovens e Adultos), cujas atividades iniciaram no ano passado. A professora lembra que a disciplina de Libras não é oferecida para a turma do EJA por falta de professor, já que o que ministra a matéria não tem mais carga horária disponível. Ela frisa, também, que uma das características da Escola é que a surdez é tratada, ali, como uma diferença linguística. “Eles (alunos) usam outra língua e com o aprendizado que recebem têm a condição de desenvolver qualquer atividade e entrar no mercado de trabalho, por exemplo”.
Maria Auxiliadora comenta que faltam profissionais de Libras no Rio Grande do Sul. Na Escola Bilíngue, são 21 professores (mais três merendeiras, uma servente e uma secretária), sendo que apenas uma é habilitada para o ensino de Libras. Mesmo com a carência de professionais no RS, o trabalho na Escola de Rio Grande vai além da instituição. A coordenadora mostra que, “quando um surdo precisa de acompanhamento em uma audiência no Fórum, ou ir ao posto tomar vacina, solicita apoio aos professores da Escola Bilíngue, uma referência para eles“.
Trazida por um francês para o Brasil, a língua de sinais tem suas diferenças regionais. Cada país tem sua língua. Dentro do próprio Brasil existem diferenças regionais. “Em São Paulo dizer mãe é diferente do que é falado no Rio Grande do Sul”, exemplifica Maria Auxiliadora. E completa: “O alfabeto é um dos recursos da língua de sinais. Conforme a criança vai avançando em sua educação, aumenta o vocabulário. Quem cria a língua são os surdos”, finaliza.
Assessoria de Comunicação PMRG