A situação do Polo Naval no País vem piorando cada vez mais. Desde que foi instaurada a Operação Lava Jato, em março de 2014, o cenário é de decadência do setor. A operação, que foi deflagrada pela Polícia Federal, investiga um esquema de lavagem de dinheiro e corrupção envolvendo a Petrobras. Com isso, insegurança, incertezas e perdas de postos de trabalho têm sido registradas desde então.
Na segunda (12), mais um momento de tristeza marcou a história do Polo Naval no País e no Município, onde cerca de 3,2 mil rescisões começaram a ser realizadas pela Ecovix - empresa do grupo Engevix. De acordo com informações obtidas pela reportagem, o Estaleiro Ecovix ficou em uma situação fragilizada, chegando a ficar sem receitas e com dívidas que giram em torno dos R$ 6 bilhões.
Com a entrega do casco da P-68 à Petrobras, que ocorreu recentemente, a situação ficou ainda mais delicada, pois a Estatal rescindiu os demais contratos que tinha com a empresa. Dos oito cascos previstos para serem feitos no ERG 1, apenas três foram feitos. Com isso, a Ecovix deu início ao processo de rescisão de 3,2 mil trabalhadores, entregando, ainda ontem, a carta de aviso prévio indenizado. Cerca de 200 trabalhadores seguirão prestando serviços para a empresa e, aproximadamente, 300 estão encostados ou afastados da empresa por motivos diversos.
Conforme informações e como já divulgado pelo AGORA nas últimas edições, a Ecovix tem se reunido com a representação da categoria nos últimos dias para tratar sobre a situação da empresa e, após várias reuniões, a empresa anunciou que iria ter que realizar as demissões. Diante disso, o Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande e São José do Norte (Stimmmerg) deu início a uma negociação com a empresa. E depois de vários encontros, garantiu que a empresa, além de pagar todo o saldo rescisório dos funcionários, ainda manteria o plano de saúde até março de 2017 e o pagamento de quatro meses de vale-alimentação que será pago à vista.
Em nota enviada ao AGORA, a Ecovix se manifestou sobre a situação: “A Ecovix confirma o acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do Rio Grande, aprovado pela Assembleia de trabalhadores. A empresa mantém todos os esforços para buscar uma solução para o estaleiro Rio Grande, após a entrega no dia 8 de dezembro do navio-plataforma FPSO P-68 à Petrobras. A Ecovix está em forte processo de reestruturação financeira e operacional e busca alternativas para retomada da sua operação no futuro”.
Segundo uma fonte, nos próximos dias, a empresa deve anunciar oficialmente o pedido de recuperação judicial. A expectativa é que os funcionários recebam os valores das rescisões até a próxima segunda (19).
PETROBRAS
Na tarde de ontem, a Petrobras enviou a seguinte nota à redação: “contratamos a Ecovix para a construção de oito cascos para o projeto Replicantes, em 2010. Passados seis anos, a empresa entregou três cascos e outros dois estão em fabricação na China. Os demais não foram concluídos. Foram realizadas negociações com a fornecedora, com o objetivo de concluir os contratos, contudo, devido à grave situação financeira enfrentada pela Ecovix e à situação deficitária dos Contratos, a negociação culminou com um distrato amigável. Esclarecemos que a Petrobras e suas sócias no empreendimento sempre cumpriram com suas obrigações contratuais, não havendo qualquer pendência financeira com a Ecovix”.
BUSCA DA MANUTENÇÃO
O prefeito Alexandre Lindenmeyer reuniu-se, ontem, com representantes da Associação de Prefeitos da Zona Sul (AzonaSul), do APL Polo Naval, da Federasul, da Câmara do Comércio, da Câmara de Vereadores, do estaleiro EBR, da Câmara de Dirigentes e Lojistas do Rio Grande, da Prefeitura de São José do Norte, da Câmara de Deputados, da Furg e do Sindicato dos Metalúrgicos de Rio Grande. O encontro ocorreu para tratar sobre o futuro do setor.
A Prefeitura do Rio Grande irá articular uma mobilização para reuniões, nos próximos dias, com a secretaria-geral da Presidência da República, Governo do Estado, Bancada Gaúcha na Câmara dos Deputados e Senado Federal, Sindicato Nacional dos Metalúrgicos da Indústria Naval (Sinaval) e Ministério de Minas e Energias.
Fonte: Jornal Agora