Profissionais relatam os desafios e prazer pela profissão na data comemorativa da Enfermagem

Na semana em que se comemora o Dia Internacional da Enfermagem, celebrado nessa sexta-feira (12) em todo o mundo, a Secretaria da Saúde do Rio Grande fez uma homenagem especial a 20 profissionais enfermeiros e enfermeiras que conquistaram a aposentaria entre 2018 e 2023. A maioria conseguiu comparecer no evento realizado no Salão Nobre da Prefeitura, na quarta-feira (10) à tarde, onde receberam certificados pelos serviços prestados à comunidade rio-grandina. Dois deles ainda moram no município e contaram um pouco da trajetória enquanto servidores da Saúde na rede municipal e profissionais da Enfermagem.
Uma delas é a enfermeira Clarice Ana Dalla Vecchia Hamilton, 62 anos, que dedicou 23 anos como servidora concursada na Secretaria Municipal da Saúde. Nos primeiros dois anos, atuou no posto de Saúde da Vila São João, onde conheceu muitos pacientes, dificuldades e situações que, de acordo com ela, “se não tivesse convivido com essa população, talvez nunca fosse conhecer”. Em seguida, assumiu a coordenação do Posto IV (Canalete), local que possuía uma variedade de serviços que a Secretaria oferecia à população.
Clarice conta que, no Posto IV, teve o privilégio de criar a Vigilância Epidemiológica e o Setor de Imunizações. Dirigiu esses serviços por 15 anos. Seis anos antes de se aposentar, foi deslocada para outros setores, como o Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância em Saúde – Vigisus e o Programa Saúde da Mulher.
A enfermeira lembra que o período em que atuava como servidora coincidiu com a descentralização da Saúde pública do estado para os municípios. Nessa época, teve que contar com o apoio não só dos colegas e equipes da Secretaria, mas com a compreensão da própria família, pois o distanciamento em função de viagens era constante devido ao aumento de demandas para a Vigilância Epidemiológica com a criação de novos programas, como o Sinam, Sinasc, PMI e o SIM. Felizmente, afirma, “sempre tive o apoio familiar”.
Frequentemente, a profissional é abordada na rua por pessoas que a conheceram atuando no município. “Perguntam sobre esquema vacinal e isso me deixa muito feliz.” Ao longo de 15 anos na Vigilância, coordenou 48 campanhas vacinais com as metas preconizadas pelo Ministério da Saúde sendo atingidas, “tudo em função de muita dedicação, esforço e ajuda de todas as equipes, pois nunca fizemos nada sozinha, sempre com as equipes”, acentua.
Um fato marcante, desafiador e superado na carreira da enfermeira foi a epidemia de H1N1, em 2009. Na época, “todas as equipes trabalharam muito”, afirma Clarice, que diz ser grata por ter essa profissão e por tudo que nela aprendeu, assim como pelas oportunidades que teve para se qualificar e por todo apoio que recebeu como profissional e como pessoa. Emocionada, ela diz: “Admiro quem escolhe a Enfermagem, é uma profissão desafiadora, na qual devemos ter muita persistência e sermos humanos”.
Outro homenageado pela Secretaria da Saúde foi o enfermeiro Paulo Ari Silva, 66 anos. Em 22 de julho desse ano, ele comemorará com sua turma de formandos 40 anos de profissão, festa que faz questão de dizer com prazer que é um dos organizadores.
O enfermeiro iniciou na profissão trabalhando no grupo Ipiranga como enfermeiro do trabalho. Durante 20 anos, pode palestrar para diversas empresas no município e fora do Rio Grande. Também ministrou aulas em cursos na mesma área, como no Senai – para técnicos de Segurança do Trabalho -, Senac – para técnicos de Enfermagem -, Escola Master e no Colégio Pedro II. Em semanas de prevenção de acidentes de trabalho de diversas empresas e cursos de primeiros-socorros, também, foi palestrante.
Concomitantemente com funções privadas, e após ingressar na Prefeitura como enfermeiro concursado, atuou por cinco anos na UBSF do Cassino, depois mais cinco anos na unidade de Saúde do Povo Novo. Em seguida, foi apoiador da Estratégia Saúde da Família e, posteriormente, designado para atuar na unidade da Barra. “Implementamos, tanto no Povo Novo como para a Barra, a Estratégia Saúde da Família”, cita.
Por motivos de doença, teve que se afastar da função por um período, mas diz que foi recompensado com o apoio das comunidades por onde passou. Conta que “muitos rezaram por mim e essa é uma gratidão que levo para o resto da vida”. O enfermeiro acredita que tudo isso deva ter sido fruto do trabalho, do carinho com os pacientes e da responsabilidade junto à comunidade e nos postos em que atuou.
A dedicação profissional fez com o enfermeiro ficasse, muitas vezes, três dias sem ver a família. “Dava aula à noite, tinha plantões e trabalhava em outra empresa. Eram 72 horas sem ir em casa. A profissão é prazerosa, mas cansativa. Já recebi vários convites para voltar a trabalhar, mas meu coração disse para descansar e tirar proveito desses quase 40 anos trabalhando na Enfermagem. Hoje descanso com prazer e orgulho de, pelo menos, ter tentado fazer o melhor em todos os lugares por onde passei”, contou o enfermeiro.