Projeto de Centro de Neurociências e Comportamento é apresentado ao Executivo

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A proposta de ampliação e organização da rede de saúde mental do município do Rio Grande com a implantação de serviços estruturados de apoio a atenção básica foi apresentada ao prefeito Fábio Branco, na manhã desta quarta-feira (22), pela titular da Secretaria da Saúde (SMS), Zelionara Branco. A ideia é estruturar um Centro de Neurociências e Comportamento, que será um complexo destinado à saúde mental. A unidade deve funcionar no prédio do Hospital Vicença da Fontoura, no bairro Cidade Nova. A próxima etapa será levar a proposta ao Conselho Municipal de Saúde e em seguida buscar recursos para o projeto junto ao Ministério da Saúde.

A proposta é de o centro abranger o CAPS AD III – 24h, uma unidade de internação de adultos graves com no mínimo 10 leitos; outra para atendimento infanto-juvenil, também, com o mínimo 10 leitos; mais 30 leitos clínicos para atendimento a pacientes de moderados a graves com foco nos cuidados paliativos, populações vulneráveis e grupos étnicos; e um Hospital-Dia para pacientes de intensidade leve a moderada.

Em conjunto com a gestão da SMS, também seria articulada a educação permanente e o matriciamento em saúde mental da rede de unidades básicas de Saúde. Outra ação prevista no projeto é a integração do Centro com as instituições de ensino e assistência da Zona Sul do estado, para capacitação e divulgação de conhecimentos na área de saúde mental.

AVALIAÇÃO DO PROJETO

O prefeito Fábio Branco disse que a iniciativa apresentada pela secretária da Saúde vem ao encontro do projeto elaborado para a saúde básica no município. “Transformaríamos o atual hospital em um Centro de Referência em Saúde Mental, com um sistema mais planejado e organizado e com a retaguarda que foi apresentada. Não temos dúvidas de que Rio Grande será uma referência em saúde mental”, afirma.

A secretária Zelionara defende que o projeto está inspirado na ideia de se desenvolver um atendimento público, diferenciado e qualificado e tem base nas novas necessidades da população em saúde metal. “A abertura de um serviço de neurociências aplicadas em saúde mental no município contribuirá para a ampliação de uma rede de atendimento que é tão necessária quanto urgente”, diz.

A exposição foi acompanhada pelos médicos e especialistas em psiquiatria, Luiz Carlos Illafont Coronel e Lino Marcos Zanatta, consultores técnicos para a implantação do projeto. Coronel afirma que o Brasil é campeão latino-americano de depressão, campeão mundial de transtorno de ansiedade, que 10% da população brasileira tem problemas de drogadição. Cita que toda essa nova demanda, agravada pela pandemia, teria atenção, também, num Centro como o que está sendo proposto para Rio Grande e que seria um modelo para o Rio Grande do Sul.

PERCENTUAIS

Zelionara citou algumas estimativas que indicam que os transtornos mentais e de comportamento respondam por 12% da carga mundial de doenças. Por outro lado, as verbas orçamentárias para a saúde mental na maioria dos países representam menos de 1% dos seus gastos sociais totais em saúde. “A relação entre a carga de doenças e o gasto com doenças é, visivelmente, desproporcional”, afirma.

De acordo com a secretária de Saúde mais de 40% dos países carecem de políticas de saúde mental e mais de 30% não têm programas nessa esfera e mais de 90% dos países não têm políticas de saúde mental que incluam crianças e adolescentes.